Não faltaram momentos de emoção até à bandeira de xadrez no fim de semana do Circuito do Estoril IV, com o bom tempo a coroar a última ronda do CNV e do Mundial de Sidecar.
Foi com um belo fim de semana de Sol, ou não estivéssemos em pleno ‘Verão de S. Martinho’, que o Campeonato Nacional de Velocidade 2024 chegou ao final, numa ronda que integrou também a derradeira jornada do Campeonato do Mundo de Sidecar.
Na quarta visita do ano ao Circuito do Estoril, praticamente todos os títulos do CNV 2024 estavam ainda por entregar, à exceção da coroa da classe CNB2 de Naked Bikes, que Frédéric Bottoglieri já tinha garantido na ronda anterior em Portimão. Mas bastou o dia de corridas de sábado para quase todos os títulos acabarem por ser distribuídos, com exceção do duelo entre Dinis Borges e Martim Jesus em Supersport 300, que só seria decidido no domingo.
Entre as Naked Bikes, que pelo primeiro ano tiveram estatuto de Campeonato Nacional, Duarte Amaral (BMW) esteve imparável, levando a sua S1000R à vitória com um avanço esmagador em ambos dos dias, garantindo logo no sábado o título da classe CNB1. Com Bottoglieri (Triumph) de fora por queda na fase inicial da corrida sábado, o triunfo entre as CNB2 caberia a Marcos Leal (Kawasaki). No entanto, o piloto francês iria repor a ordem na corrida de domingo, terminando em 2º da geral após um animadíssimo duelo com Luís Franco (BMW) durante toda a corrida, que acabaria por sorrir ao piloto da Triumph por escassos 29 milésimos de segundo.
Com as Naked voltaram a alinhar os pilotos do Troféu Luís Carreira, desta vez com três presenças: Raúl Felgueiras (Yamaha) em Supersport, Fernando Mercier (Suzuki) na classe Open e André Capitão (Suzuki) em Superbike.
O título seguinte a ser assegurado foi o de Lourenço Vicente no Campeonato MIR Moto5. Dispondo de 26 pontos de vantagem sobre o seu perseguidor imediato, Henrique Vicente, à chegada ao Estoril, Lourenço Vicente viu a sua missão facilitada quando o seu rival caiu ainda na volta inicial, abandonando. Lourenço Vicente encaminhava-se para a vitória, à frente de Diego Ribeiro, quando, na antepenúltima volta, ambos sofrem quedas e Ribeiro abandona. Lourenço Vicente regressou à corrida para terminar em segundo, com Carolina Azevedo, que tinha herdado o comando, a vencer. No domingo, já com o título assegurado, Lourenço Vicente terminou novamente em 2º lugar, batido por Henrique Vicente, com Diego Ribeiro no 3º posto. Francisco Ribeiro (Aprilia), foi o único a alinhar este fim de semana com uma 85GP, terminando as corridas em 3º e 5º da geral.
Seguiam-se as Superstock 600, a correrem em conjunto com a classe 1 da Copa Dunlop Motoval. Gonçalo Ribeiro (Yamaha) estava um passo do título, com mais 44 pontos que Martim Marco (Yamaha), o que não impediu que assistíssemos a uma boa luta entre os dois jovens, com vantagem final para Martim Marco, batendo Ribeiro por 1,3s, que assim assegurava o título nacional. Isaac Rosa (Yamaha) era terceiro, à frente dos dois melhores das CDM1, Wagner Pederneira (Kawasaki) e Ricardo Rodrigues (Yamaha), este último a conquistar o triunfo final na sua classe, ele que tinha chegado ao Estoril quase com ‘as duas mãos na taça’.
No domingo, Gonçalo Ribeiro partiu determinado a celebrar o título com uma vitória, o que conseguiu em pista de forma categórica face a Martim Marco, mas, por ter quase parado em cima da meta ao receber a bandeira de xadrez, viria a ser penalizado em 15 segundos, deixando a vitória para Martim Marco. Atrás deles, Isaac Rosa, Wagner Pederneira e Ricardo Rodrigues envolveram-se numa grande luta durante toda a corrida, terminando por esta ordem e separados por pouco mais de meio segundo.
Entre as Superbike, uma vez mais a partilhar a pista com a classe 2 da Copa Dunlop Motoval, Ruben Macuá (Yamaha) venceu ambas as corridas, sempre na frente de Miguel Romão (Yamaha), enquanto Ricardo Lopes (Honda), com o título da classe rainha já garantido desde sábado, era o terceiro entre as SBK e na geral de sábado, tendo sido batido no domingo também pela melhor das CDM2, Alexandre Suati (BMW).
Também nesta classe 2 da Copa Dunlop Motoval, Rafael Ribeiro (Yamaha) garantiu a vitória final logo no sábado.
A fechar o programa tínhamos a classe cujo título estava mais longe de estar decidido. Nas Supersport 300 (a correrem em conjunto com as PréMoto3), Martim Jesus (Kawasaki) chegou a esta última ronda com mais 6 pontos que o Campeão em título, Dinis Borges (Kawasaki), com o grande duelo que se adivinhava entre os dois jovens pilotos a ser plenamente correspondido.
Dinis Borges saiu da pole para vencer ao cabo de uma grande luta com Martim Jesus, que nunca atirou a toalha e liderou na últimas voltas, vindo a ser batido por Borges por somente 71 milésimos! Vasco Camoesas (Kawasaki), que tinha sido terceiro em pista, foi desclassificado por irregularidades técnicas. Tiago João (Motochanics), o melhor entre as PréMoto3, herdava assim o 3º posto na geral à frente de Tiago Martins (Beon), que garantia o título nesta classe. Bernardo Oliveira (Kawasaki) foi 5º da geral e 3º entre as SSP300. Borges ficava apenas a um ponto do comando e tinha de bater Martim Jesus no dia seguinte.
No domingo assistimos a novo duelo épico entre Martim Jesus e Dinis Borges, que este último havia de vencer mesmo sobre a meta, desta vez por 72 milésimos, renovando assim o título nacional da classe! Vasco Camoesas foi terceiro à frente de Tiago João, novamente vencedor nas PréMoto3.
Emoção em três rodas
E se este foi um título nacional discutido ‘ao milésimo’, um par de horas antes tínhamos vivido idênticas emoções mas a nível mundial… e em três rodas!
O Campeonato do Mundo de Sidecar, os ‘Superside’, chegava ao Estoril para fechar uma temporada emocionante, com apenas 7 pontos a separarem os dois primeiros, os suíços Markus Schlosser e Luca Schmidt, da dupla anglo-francesa Harrison Payne / Kevin Rousseau.
Ambas as corridas tiveram lugar no domingo. Na corrida da manhã, Payne / Rousseau bateram os seus rivais diretos, aquecendo ainda mais a luta pelo título, agora com apenas 2 pontos entre os dois candidatos à coroa mundial. Na corrida da tarde, Payne e Rousseau voltaram a instalar-se no comando, sempre perseguidos pela dupla suíça, brindando o público com um espetacular duelo ao longo de toda a corrida, cujo resultado ditaria os Campeões do Mundo. E esta batalha intensa foi travada mesmo até ao baixar da bandeira de xadrez, com Payne / Rousseau a cruzarem a meta na frente por uns ‘microscópicos’ 53 milésimos de segundo, rumo ao título mundial.
Fotos: Hellofoto / Miguel Araújo (CNV) e FIM Superside (Sidecars)